sexta-feira, 20 de junho de 2014

Chris Evans e os Dois Cavaleiros


Sou um apaixonado por cinema, e mais ainda por tarot, e volta e meia me pego descobrindo arquétipos tarológicos nos personagens cinematográficos. Numa dessas descobertas percebo que o ator americano Chris Evans incorporou com perfeição, a meu ver, dois dos Cavaleiros dos arcanos menores em papéis que interpretou. O primeiro foi, sem sombra de dúvida, o Cavaleiro de paus em O Quarteto Fantástico (2005) como Johnny Storm, o Tocha Humana. O segundo foi o Cavaleiro de ouros em O Capitão América: O Primeiro Vingador (2011), e Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014), em que Chris interpreta Steve Rogers, o próprio Capitão América.

O Cavaleiro de Paus


Como Cavaleiro de paus o Johnny Storm interpretado por ele, é a personificação do espírito jovial, sedutor, impetuoso, positivo, heroico, mas também imaturo, sem limites e até exibicionista desse cavaleiro. Johnny é um jovem cientista mais preocupado com suas conquistas sexuais do que com qualquer outra coisa. Ao sofrer um acidente, em que ele e mais quatro membros da nave que tripulavam são expostos a raios cósmicos, sua estrutura molecular é totalmente alterada. A partir disso ele passa a ter o poder de por o próprio corpo em chamas produzindo altas temperaturas, inclusive voando quando quer! Johnny passa a chamar a si mesmo de Tocha Humana. 
Quando seus feitos começam a ser úteis ao mundo, e ele passa a ser visto como um herói pelos cidadãos da comunidade, é notificado por sua irmã Susan Storm (a Mulher Invisível) e seu cunhado Reed Richards (o Senhor Fantástico) de que eles terão de se resguardar por um tempo, pois desconhecem as oscilações das alterações sofridas. Haja visto o que aconteceu com Ben Grimm (o Coisa), que não consegue voltar à sua forma humana, mantendo uma constante aparência de estrutura rochosa! Johnny se resigna por pouco tempo, mostra naturalidade e certa frieza diante da condição de Ben que, segundo ele “não liga e desliga como nós”. O seu tempo de reclusão tem como passatempo favorito fazer brincadeiras de crueldade infantil com o Coisa. Passado esse breve período ele quer sair às ruas para combater o inimigo, e fazer o melhor pelo mundo, mas também quer aparecer e ser amado! Ele desconhece a dimensão total de seu poder, mas sua impetuosidade o faz querer testar a si mesmo. Num dado momento ele quase reproduz aqui na Terra o calor de uma Supernova, o que queimaria todo o oxigênio do planeta, matando a humanidade inteira! Só se contém quando Reed o avisa deste perigo.
Só nessa breve narrativa vemos muitas das representações e características do Cavaleiro de paus como ele aparece no Thoth tarot, por exemplo, montado num cavalo negro a pino com sua capa de fogo e uma tocha ardente nas mãos, prestes a enfrentar o mundo! Ou no tarot Mitológico em que ele aparece como o jovem Belerofonte, que fascinado com seus feitos de capturar e montar o cavalo alado Pégasus e matar a Quimera, testa a si mesmo subindo ao Olimpo para tomar seu lugar junto aos deuses. O que acaba por matá-lo! No tarot Zen ele é representado literalmente como uma tocha humana com o título Intensidade.

O Cavaleiro de Ouros


Como Cavaleiro de ouros o Steve Rogers, outro personagem de Chris no cinema, traz em si as qualidades de disciplina, trabalho, esforço, persistência, ética, humildade, tradicionalismo e desejo de ser útil e produzir algo significativo e bem feito! Além de extrema força física e resiliência psicológica. O jovem Rogers é um rapaz franzino que sonha servir às forças armadas de seu país durante a Segunda Guerra Mundial. Tenta por várias vezes se alistar, mas é recusado por sua baixa estatura e porte físico deficiente. Numa visita à Feira Mundial de Nova York, ele tenta se alistar mais uma vez, e mais uma vez é rejeitado. Entretanto, o Drº Abraham Erskine, um cientista alemão que trabalha para o governo americano, o convida para participar de um experimento que tenta criar o supersoldado. Ele aceita, e dessa experiência nasce o futuro Capitão América. 
No princípio é usado apenas como um garoto propaganda para alistar jovens combatentes. Ele anseia combater seu arqui-inimigo Johann Schimidt, o Caveira Vermelha, que passou pelo mesmo experimento de Rogers, só que teve uma reação imperfeita. Quando vê a oportunidade não titubeia e o enfrenta.
O interessante no capitão América é que o tempo todo ele quer ser mais que uma inspiração, ele luta por valores como dignidade, bravura e honra! Ele não quer ser simplesmente adorado, ele quer respeito, mas um respeito do qual se sinta merecedor! Quer ser útil, quer estar no front e não descansa até que efetivamente entre na guerra e cumpra o papel que sente que sempre foi seu! Não se poupa nunca. É um herói que preserva valores medianos de boa convivência, um patriota, mas também um tipo simplório na intimidade, que não tem o mínimo jeito com as mulheres, mesmo quando elas pulam sobre ele! A patente de capitão é uma prova da sua disposição em servir, é um líder que vai à luta com os seus soldados, que pega junto. Não um general ou comandante estrategista que vê tudo de uma mesa de simulação.
No filme seguinte, Capitão América 2: O Soldado Invernal, ele é um homem de 95 anos com a aparência de um rapaz de 20, e a força de um super herói. No fim da trama do primeiro filme ele havia caído com sua aeronave no mar do Ártico onde ficou congelado por quase 70 anos! O tempo todo sua colega da S.H.I.E.L.D, a espiã Viúva Negra, tenta fazê-lo participar dos tempos atuais arranjando-lhe encontros amorosos, ao que ele alega não estar disponível por excesso de trabalho. Como um digno membro dos arcanos do naipe de ouros e, portanto, do elemento terra! No fim da trama ela o indica para uma moça que considera bem legal, mas ele lembra que a referida moça tem muitos piercings, e que ele ainda não está preparado pra isso! Reforçando sua cautela terráquea em abraçar novas experiências, bem como seu apego aos valores mais conservadores.
Mais uma vez essa sinopse me remete às versões do Cavaleiro de ouros em muitos baralhos. No Thoth tarot, aparece como um homem franzino montado bravamente sobre um cavalo grande e de aparência poderosa. Ele olha de modo destemido para o horizonte com a disposição ferrenha de fazer o que deve ser feito. Ou o jovem Aristeu no tarot Mitológico, o único herói grego sem dons especiais, que cresceu e se tornou um grande rei graças à força do seu trabalho e o desejo de corrigir seus erros de caráter! No tarot Zen a imagem é de uma tartaruga que se aproxima de um lago. O movimento lento, mas inexorável, deste animal nos faz supor o tanto de esforço, persistência e empenho ela precisou para atingir seu objetivo. No xamanismo a tartaruga é o animal totem do clã da terra, que evoca as qualidades do trabalho, da disciplina e do progresso!
Chris Evans pode não ser, na visão dos críticos de cinema, um grande ator dramático. E talvez não passe de um belo regalo para os olhos femininos, mas com certeza soube dar, de forma muito convincente, vida a esses dois arcanos do tarot.

Sobre o Quarteto Fantástico 
e outros Arcanos



O filme o Quarteto Fantástico, aliás, possui mais outros membros das cartas da corte do tarot representados em seus personagens. Reed Richards é a clara representação de um Rei de espadas! Inteligente, e mais do que isso, brilhante! Mas incapaz de se expressar afetiva, e intimamente. Com a mudança ele vira um homem elástico, e flexibilidade é justamente o que um Rei de espadas precisa! Susan Storm por sua vez é claramente uma Rainha de copas, frágil e tolerante que se ressente da distância de Reed. Ao sofrer a mudança molecular passa a ficar invisível quando chateada ou brava. Uma típica atitude de anulação de si mesma diante da dificuldade de impor sua vontade, de sumir diante do que não sabe como lidar. Também tem a capacidade de criar um poderoso campo de força à sua volta. E limites são a grande dificuldade na constituição psicológica da Rainha de copas! Por fim, Ben Grimm representa os aspectos mais simplórios de um Cavaleiro de ouros, fiel à sua amizade com Reed e o grupo de cientistas, está sempre disposto a servir, e passa a ser dono de uma força descomunal e grande disposição física depois do acidente. Por outro lado, possui um caráter ranheta e beligerante que mais se parece com o de um Cavaleiro de espadas.

Leia também o artigo Sobre Heróis


sexta-feira, 6 de junho de 2014

Tarot & Magia

Evocando o Pai e a Mãe Cósmicos...


Vivemos num tempo em que magia muitas vezes é vista como uma atividade supersticiosa com pouca ou nenhuma validade prática, o que é um grande equívoco! Os rituais mágicos possuem o mesmo valor que muitos trabalhos vivenciais, envolvendo os muitos aspectos da consciência para um objetivo determinado. O trabalho ritual e mágico é um procedimento que se utiliza da força dos arquétipos para direcionar a intenção a um objetivo determinado, ou para alcançar algo dentro de nós mesmos! Nesse sentido o tarot é um perfeito instrumento mágico a ser explorado. O arquétipo é uma energia transformadora que se manifesta através dos símbolos, e pode tanto expressar uma realidade interior como ajudar a moldá-la. Podemos nos utilizar dos arcanos para evocar qualidades arquetípicas dentro de nós!
Com base nisso hoje quero ensinar dois rituais para a evocação das qualidades arquetípicas das cartas de O Mago e de A Sacerdotisa, respectivamente o Pai e a Mãe cósmica dentro da estrutura simbólica e mística do tarot.

O Ritual de O Mago


O arquétipo deste arcano é o do fazedor de milagres, o grande mago dos elementos, o talento que se torna fato e faz as coisas acontecerem. Nas muitas versões deste arcano ele aprece com uma mão apontada para o alto e a outra dirigida à terra como que se aproveitando de um poderoso influxo energético cósmico para manifestar ou realizar algo. A mão erguida segura uma vara mágica e nessa mão ele possui a representação de dois elementos masculinos, o próprio ar relacionado com o mais elevado, e o fogo cujo símbolo esotérico no tarot é o bastão ou a vara mágica! O ar sustenta a vida, a dinamiza, o fogo direciona sua potência, além de resguardar todas as relações simbólicas com os elementos ar e fogo, como inteligência, comunicação, inspiração, criatividade, ação etc. Ao acessarmos o arquétipo do de O Mago somos capazes de expressar com fluência nossos talentos e habilidades, aguçamos nossas percepção e linguagem de modo que encontramos a palavra ou a expressão certa para comunicar exatamente o que percebemos. E todo o intérprete de símbolos sabe o quanto isso é essencial na hora de interpretar qualquer sistema oracular!

O Procedimento


Como em todo o procedimento mágico vamos utilizar outros elementos simbólicos para evocar a presença dos elementos e sua força arquetípica dentro de nós. Vamos também usar o poder das palavras, escrevendo afirmações que expressem as qualidades superiores de O Mago. Sempre começando com Eu sou, ou Eu tenho. Um exemplo seria: Eu sou um canal permanente de conexão com a inteligência Superior, ou Eu tenho a plena fluência de percepção e comunicação em tudo o que faço! Escreva afirmações desse tipo, ou essas mesmo se preferir, num pedaço de papel. O simples ato de escrever introjeta no inconsciente a coisa escrita. Coloque o papel num pires ou prato branco que servirá de apoio ao ritual, ou seja, um campo de trabalho mágico. Sobre o prato ou pires coloque a carta de O Mago do baralho que preferir. Sempre recomendo que se utilize um baralho específico para leituras, outro para vivências e rituais. Acenda um incenso de aroma amadeirado como sândalo ou olíbano, duas essências com forte tradição espiritual, muito utilizados nos templos para facilitar a concentração e a elevação da consciência! O incenso carrega em si o simbolismo do ar (perfume) e do fogo (a chama), sendo por isso tido pelos povos do antigo Egito e Índia como o instrumento cerimonial perfeito em oferendas aos deuses. Ao acender a chama do incenso reforce as intenções que escreveu no papel. Utilize também pedras para reforçar seu propósito. O quartzo branco é um coringa que serve para qualquer trabalho, mas pode se utilizar do quartzo azul (traz clareza e criatividade) ou a pedra olho-de-tigre (coragem, autoconfiança, sorte, proteção e acuidade mental). Programe as pedras com as afirmações escritas. A autora Uma Silbey recomenda que se inspire lenta e profundamente imaginando que ao fazê-lo se está inalando as afirmações escolhidas, prende-se a respiração por um tempo como se retendo essas afirmações em si, e simultaneamente contrai-se o esfíncter para reter ainda mais a energia. Em seguida libera-se e o ar dos pulmões e descontrai-se o esfíncter, dirigindo o ar e a energia à pedra impregnado-a com as intenções desejadas. Repita o processo três vezes!
Coloque o prato, o incenso, e o cristal próximos de uma janela pela manhã e certifique-se que a luz do sol ou chegará próxima do ritual, ou o banhará completamente, como um símbolo da entrada da luz da consciência. Depois de concluído o ritual queime o papel com as afirmações, elas agora vivem dentro de você. Guarde a carta e leve as pedras consigo. Use-as em sua mesa de trabalho quando for ler o tarot para si ou para outros, ou as coloque debaixo do travesseiro quando for dormir.

O Ritual de A Sacerdotisa


Esse é o arquétipo da feiticeira, da clarividente e clariaudiente. Daquela que se comunica com as outras dimensões e seres dos planos invisíveis. Da que conhece os mistérios da vida e do destino. Em muitas de suas versões ela está sentada numa espécie de trono na entrada dum templo delimitado por dois pilares, e com roupas cerimoniais que cobrem todo seu corpo, indicando não movimento, retiro e introspecção não física, mas psicológica e espiritual. Muitas vezes também ela está de algum modo relacionada com a água, símbolo da fluidez da vida e das profundezas desconhecidas da alma. Os muitos mitos de monstros marinhos são na verdade símbolos do mistério e fascínio que representa este elemento. A água tem dois movimentos, o de fluxo e refluxo e isso sempre foi associado à lua em sua fases. Existe uma íntima ligação entre esse astro da astrologia e este arcano do tarot. Ao acessar o arquétipo de A Sacerdotisa, abrimos a visão e a audição interior para o incognoscível dos planos superiores da consciência e da natureza! Porém, vale lembrar que se o fizermos sem antes acessar o arquétipo de O Mago, careceremos da capacidade de expressar com mais clareza as inúmeras possibilidades de revelação que A Sacerdotisa nos abrirá!

O Procedimento


Assim como no arcano anterior colocaremos a carta de A Sacerdotisa em cima de um pires ou prato branco. Debaixo do prato um papel com as afirmações que expressem o que se deseja alcançar em si das qualidades deste arcano, sempre preservando os verbos Eu sou e Eu tenho. Minhas sugestões são: Eu sou um canal de acesso aos poderes da intuição Superior ou Eu tenho o poder da visão e da audição interior agora despertos em mim. Coloque ao lado do prato um copo de vidro ou cristal, ou se tiver uma taça prateada ou de prata verdadeira, melhor! A prata reflete bem as qualidades lunares que pretendemos atingir! Do outro lado coloque pedras de ametista (purifica energias, amplia o psiquismo, desperta os chakras superiores, eleva a consciência, e favorece o estado meditativo), ou pedra-da-lua (amplia intuição, abre a clarividência, traz paz e conecta com os poderes da lua), ou o quartzo branco, que pode ter as mesmas funções de for programado para isso! Programe as pedras como indicado anteriormente. Escolha uma fase de lua cheia quando esta estiver num dos místicos e muito psíquicos signos de água como Câncer, regente da lua, Peixes ou Escorpião. Lembre-se de verificar se a lua não está fora de curso, ou mal aspectada com o planeta mercúrio, que rege o conhecimento e a comunicação, e nem preciso explicar o motivo, não é? Também deverá ser evitado aspectos desfavoráveis com plutão, regente do submundo da psique! Isso poderia trazer conexões indesejadas que poderiam tornar a conexão densa demais! Deixe os objetos do rito em frente a uma janela em que em determinado momento fiquem expostos à luz do luar! Retire tudo antes de o sol nascer! Faça o mesmo que foi feito com o arcano anterior, queime o papel, guarde a carta, use as pedras e beba toda a água do cálice! Ela foi fluidificada com os poderes da lua e de todo o ritual.

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